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Sintsef e outras entidades repudiam pronunciamento genocida de Bolsonaro

  • Governo

25/03/20202 – O SINTSEF-BA, a CUT e a CONDSEF/FENADSEF repudiaram o pronunciamento em rede nacional do Presidente da República Jair Bolsonaro. Durante o programa, Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia do novo coronavírus e a criticar as medidas de isolamento social tomadas pelas secretarias de saúde de estados e municípios (e referendadas pelo próprio Ministério da Saúde) para conter o avanço do contágio no país.

Ele criticou a proibição de transportes, o fechamento das escolas e do comércio e o confinamento em massa. Responsabilizou a imprensa por supostamente espalhar o pânico com a divulgação de informações sobre o covid-19. Classificou como um “resfriadinho” uma doença que já matou mais de 18 mil pessoas ao redor do mundo, sendo 46 no Brasil até ontem.

A fala foi acompanhada por panelaços de protesto por todo o pais. Organizações médicas e autoridades dos mais diversos escopos políticos não tardaram a se manifestar contra o discurso genocida: Felipe Santa Cruz, presidente nacional da OAB, pediu, no Twitter, a manutenção da quarentena, e disse que a fala de Bolsonaro deverá ser reconhecida como “um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história”. A Sociedade Brasileira de Infectologia, alertou em nota para os perigos do discurso presidencial: “Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a COVID-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade”, diz o texto.

Para o SINTSEF-BA, o pronunciamento não se trata de uma ação intempestiva ou uma manifestação de insanidade, como alguns equivocadamente identificam. “Ele falou de propósito, sabendo exatamente o que significa”, analisou Erilza Galvão, Coordenadora de Formação Sindical do SINTSEF-BA. É o mesmo discurso recorrente que Bolsonaro profere pelo menos desde a campanha eleitoral de 2018: desvalorização da ciência, dos valores humanitários, da saúde pública. “Ao chamar a população para desconsiderá-las, para descumprir orientações institucionais, consciente do risco de expor milhares de pessoas à contaminação e morte, o presidente comete um crime de responsabilidade social que merece cadeia”, observa Erilza. Mesmo que hipoteticamente ele tenha falado sem saber o que diz, sem noção das consequências, seria uma prova de sua incapacidade mental e, portanto, precisa ser afastado de funções de responsabilidade social.

A CUT-DF disse que “Bolsonaro quer dividir novamente o povo brasileiro. Sua intenção é ganhar força, fidelizar seus apoiadores e ter caminho livre para aprofundar uma agenda de desemprego, de redução de salário, de corte em políticas sociais, de retirada de direitos trabalhistas”. A CONDSEF/FENADSEF também questionou o pronunciamento. Para Sérgio Ronaldo da Silva, Secretário-geral da Confederação, é possível superar a crise sem sacrificar os trabalhadores. “Colocar a população em risco enquanto observamos os números assustadores de mortes crescerem no mundo todo é uma opção cruel, tirana e inconsequente. Essa medida está longe de ser necessária. O Brasil consegue investir mais em saúde e arcar com assistência social dos trabalhadores afetados se parar de pagar a dívida pública, que desvia bilhões todos os meses dos cofres públicos”, argumenta.

Lucinha Felix, Coordenadora de Saúde do Trabalhador do SINTSEF-BA, viu com perplexidade o argumento presidencial: “É uma fala que despreza o esforço e as orientações de técnicos e profissionais de saúde, servidores públicos que estão comprovadamente envolvidos em salvar vidas”, explicou. Para ela, uma vez que a vacina ainda vai demorar, o isolamento e a higiene ainda são as melhores armas que dispomos para o combate da pandemia.

Ao negar os impactos da pandemia, Bolsonaro ignora o papel protetor do Estado e opta por defender os interesses de empresários, banqueiros e do mercado financeiro, abandonando os brasileiros à porta do abatedouro. Sim, pois que ninguém se engane: esse capitalismo brutal, que privilegia o lucro em prejuízo da vida humana, segue atrelado às políticas geradoras de morte. As mesmas que o presidente promove com tanto esforço. E milhares de mortes, como estamos vendo. Sob essa lógica, pouco importa que o SUS entre em colapso ou que a parcela mais vulnerável da sociedade venha a pagar com as próprias vidas o preço de mais uma crise. A máquina de moer gente não pode parar.

(Com informações da CONDSEF e CUT-DF)

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