14/05/2025 – O SINTSEF-BA e trabalhadores do Ministério da Cultura em greve realizaram um ato hoje pela manhã na Pupileira, em Salvador, durante a cerimônia de abertura das escavações do cemitério de pessoas escravizadas, descoberto no estacionamento do local. A data escolhida para a escavação está relacionada à execução de mártires da Revolta dos Malês, que aconteceu há 190 anos na capital baiana. A descoberta reconstrói saberes de um período colonial que ainda abriga muitos silenciamentos e apagamentos históricos.
Na ocasião, os servidores lembraram a importância da preservação do nosso patrimônio histórico e dos serviços prestados pelas trabalhadoras e trabalhadores que atuam para garantir a proteção, a divulgação e o acesso aos serviços culturais Brasil afora. O SINTSEF-BA defende a valorização da categoria e adverte que a carreira do MinC é essencial para a promoção de políticas públicas de cultura do país.
Como a categoria advertiu numa carta aberta à população, divulgada na semana passada, esse trabalho essencial vem sendo dificultado pelas sucessivas políticas de desmonte dos serviços públicos. O número de servidores é cada vez menor, e a sobrecarga de trabalho se intensifica. O texto ainda alerta que a evasão de profissionais cresce diante da ausência de um plano de carreira, dos salários defasados e da falta de concursos públicos. Em seu lugar, aumenta a contratação de temporários, o que fragiliza a continuidade e a qualidade das políticas culturais. “Precarizar esses serviços é atacar diretamente os direitos da população. É negar à sociedade o acesso à cultura, à memória, à identidade, ao bem viver”, conclui o documento.
O cemitério foi identificado através de uma pesquisa da UFBA, a cargo da doutoranda Silvana Olivieri do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Estima-se que o local seria o primeiro cemitério público de Salvador e que teria funcionado por cerca de 150 anos, com sepultamentos de pessoas historicamente marginalizadas, entre elas, milhares de escravizados, insurgentes e descendentes. Líderes de revoltas e insurreições negras, como Búzios e Malês, além de outros movimentos revolucionários, teriam tido seus corpos sepultados no local.
