21/10/2022 – O SINTSEF-BA participou nesta quinta-feira, 20, em Salvador, do 1º Seminário de Acesso à Justiça, realizado em Salvador, na sede do SINDPREV-BA. O evento buscou aprofundar o debate sobre os desafios, entraves e perspectivas em relação ao acesso à justiça e às políticas públicas de concretização dos direitos humanos no contexto da gravíssima crise econômica que o Brasil enfrenta na atualidade. As Coordenadoras de Saúde do Trabalhador, Maria Lucilene Borges Felix, e de Formação Sindical, Erilza Galvão (que também compôs a mesa intitulada “Seguridade Social no Contexto do Envelhecimento Negro”) representaram o SINTSEF-BA. Confira mais imagens do evento em nossa página.
Em sua contribuição (“Seguridade Social: segurar o quê? E nós com isso?”), Erilza começou ressaltando que a classe trabalhadora tem gênero e cor (demonstrado pelo perfil do público). Entre as ideias centrais propostas para reflexão estavam questões como direitos, público, inclusão e solidariedade. Prosseguiu com reflexões sobre o “pano de fundo” da situação da classe trabalhadora, sobretudo a negra, desde mudanças radicais no mundo do trabalho, a competição, o individualismo, inversão de valores, supervalorização do ter, até os retrocessos de direitos e da democracia.

A intervenção lançou, ainda, uma série de perguntas à plateia: como discutir sem considerar conjuntura, projeto de governo, projeto de serviço público, projeto de gestão, relação com sociedade? Como discutir sem observar o “ciclo vicioso”, tão bem demonstrado no processo eleitoral? Como podemos pensar num outro Brasil possível sem refletir e ser ativista frente à destruição de políticas públicas de promoção da igualdade racial? Ou sem pensar na crise sanitária, ambiental, cultural, política e econômica afetando diretamente a população negra (56% da população), sobretudo as mulheres?
Para o SINTSEF-BA, os entraves impostos pelo racismo atravessam negativamente a população negra em diversos âmbitos e sentidos. São heranças históricas que se apresentam de forma clara ou velada até os dias atuais e, quando relacionadas à velhice, se amplificam e tomam novas facetas. Nossos idosos são como livros. Memórias vivas de um patrimônio cultural e social inestimável, que não podem desaparecer. Por isso importa indagar que “patrimônio” uma nação soberana deve proteger, prioritariamente. Quem fica em primeiro lugar: a vida ou o lucro? E se vidas negras importam, como nos acostumamos a reafirmar cada vez mais enfaticamente nos últimos tempos, o que podemos fazer para garantir isso?
De acordo com a dirigente do sindicato e também Secretária de Gênero, Raça, Juventude e Orientação Sexual da CONDSEF/FENADSEF, o centro dos desafios é fazer as escolhas que contribuam para um modelo de país com justiça econômica e social, que seja soberano, sustentável e inclusivo, com um serviço público universal e de qualidade. Só assim será possível concretizar os sonhos coletivos por preservação de nossos territórios, culturas e identidades. Projetos de vida de um novo Brasil sem sexismo, sem racismo, sem preconceito e discriminação de qualquer natureza; um novo Brasil onde todos e todas possam viver com justiça e dignidade.