Pular para o conteúdo

Pandemia traz mudanças profundas nas relações de trabalho pelo mundo

10/01/2022 – Após décadas em que o capital financeiro explorou impiedosamente a força de trabalho, notícias animadoras que vêm dos países ricos, como os EUA, dão sinal de que isso pode estar mudando. A pandemia de Covid-19 trouxe uma inflexão no mercado de trabalho e deu mais poder de barganha ao trabalhador.

Tudo indica que, ao menos por lá, depois de 40 anos em que o capital dominou a mão-de-obra, a força do trabalhador está aumentando. Nos últimos meses, setores fortes da economia americana enfrentaram fortes greves de trabalhadores cada vez mais conscientes de seu papel social e encorajados a exigir melhores salários e condições de trabalho. Uma matéria do jornal “Valor Econômico”, do último dia 05/01, aponta que a pandemia precipitou uma escassez de trabalhadores em muitos países, que pegou os empregadores desprevenidos. Os migrantes voltaram aos seus países de origem, pessoas mais velhas anteciparam a aposentadoria e os cuidados com os filhos ou problemas de saúde levaram outros a sair do mercado de trabalho. Com menos pessoas na força de trabalho e também enfrentando problemas de cadeia de abastecimento, os empregadores passaram a lutar por pessoal –  o que significa que os trabalhadores passaram a ter mais influência do que o normal. 

Agora, os trabalhadores estão tentando capitalizar a sua escassez súbita. Nos EUA, desde 2021, os sindicalizados fizeram uma série de greves, que aconteceram em vários setores e em todo o país, desde cuidados de saúde a Hollywood, serviços de alimentação e manufatura. E trabalhadores começaram a tentar se organizar em setores de baixa remuneração sem histórico de presença sindical, em empresas como Starbucks e Amazon.

No Reino Unido, a proporção de trabalhadores sindicalizados voltou a subir após décadas de queda. Os trabalhadores também estão encontrando novas maneiras de lutar pelo que querem. A Organize, plataforma de defesa dos interesses dos trabalhadores no Reino Unido, tem agora mais de 1 milhão de membros, depois de crescer rapidamente durante a pandemia. Autoridades de alguns países estão tentando ajudar a equilibrar a balança. Nos EUA, Joe Biden prometeu ser “o presidente mais pró-sindicatos que você já viu” e quer aprovar uma lei que tornaria mais fácil a representação sindical.

No Brasil, ainda não há indícios de que este movimento chegou para ficar. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre encerrado em outubro de 2021, quando a taxa de desemprego recuou para o ainda alarmante patamar de 12,1%, a renda média do trabalho voltou a cair e atingiu o menor nível em quase dez anos no país.

Os sinais de insatisfação, contudo, estão aí (e refletem na queda acentuada de popularidade do governo de Jair Bolsonaro, incapaz de promover políticas públicas que recuperem o poder de compra dos brasileiros). Uma pesquisa mostrou que, por melhores salários, 68% dos trabalhadores querem mudar de emprego este ano. A Reforma Trabalhista de Michel Temer, que prometeu gerar 6 milhões de empregos, levou ao quadro que vemos hoje: desemprego em massa, trabalho sem direitos e mal remunerado, precarização e a insegurança laboral generalizadas, arrocho salarial, pobreza e desigualdade, trazendo crescimento econômico rastejante e aumento das mazelas sociais.

É preciso reagir e essa reação, como os países ricos já demonstraram, virá com organização, determinação para a luta e unidade em torno das entidades sindicais. 

(com informações do Valor Econômico e da CUT)

1 comentário em “Pandemia traz mudanças profundas nas relações de trabalho pelo mundo”

  1. Quando será que vamos receber a boa notícia da liberação do alvará, para termos acesso aos tão esperados 28,86.? Ou será que morreremos sem ver.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 + cinco =