05/06/2020 – O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado neste 5 de junho. O tema de 2020 é biodiversidade. A campanha #HoraDaNatureza é um apelo à ação global para combater a crescente perda de espécies e a degradação ambiental, além de chamar a atenção para a relação entre a saúde humana e a saúde do planeta. Mas, como não poderia deixar de ser, parte dos debates em torno da data também se dedicará à luta contra a pandemia de Covid-19. No, Brasil, também é imperativo atrelar esses debates à política predatória promovida pelo governo federal, atuando contra a preservação e a vida.
Inoperância e abandono também é o panorama enfrentado pelos trabalhadores da área ambiental, com o enfraquecimento das políticas de proteção que agravam o desmonte institucional. O IBAMA há anos sofrem com deficiências de infraestrutura, baixas remunerações e benefícios pouco estimulantes, além da falta de concursos públicos que prejudica o setor. “Sem investimentos públicos, não há fiscalização eficaz”, alerta Maria Lucilene Felix, Coordenadora de Saúde do Trabalhador do SINTSEF-BA e servidora do IBAMA. Ela ainda chama a atenção para o processo de militarização de órgãos ambientais, como o ICMBio-Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, onde militares ocupam os cargos que deveriam ser coordenados por técnicos de carreira com reconhecida qualificação.
A ocupação indiscriminada dos espaços naturais e sua consequente poluição em favor do desenvolvimento descontrolado trazem impactos nos ecossistemas (que quase sempre não são avaliados previamente com o cuidado devido). A exploração irracional dos espaços agrava-se pela ação criminosa de grandes setores produtivos como mineradoras, especulação imobiliária, madeireiras, mineradoras, entre outros, com a devida cumplicidade de acordos de bastidores e favorecimentos políticos. Abandonada à própria sorte, em estruturas precárias de moradia, sem acessar direitos básicos como saneamento, saúde e educação, a população periférica, mais carente, (sobre)vive exposta a doenças e surtos epidêmicos constantes.
O Coordenador de Políticas Sindicais do SINTSEF-BA, servidor da Ministério da Saúde, Antonio “Capila” Sobrinho, salienta que o governo Bolsonaro é tristemente eficaz nesse projeto de destruição. “Precisamos de todos (as) na luta pelo impeachment”, convoca. Só assim poderemos acabar com o escandaloso regime de favorecimento para o agronegócio, com a liberação indiscriminada de agrotóxicos (alguns até proibidos em outros países) ou ataques a ambientalistas, sindicalistas, ONGs, índios, quilombolas, agricultores familiares e a população ribeirinha… Tais setores resistem bravamente à ação do governo de “passar a boiada”. A expressão, dita pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, significa flexibilizar a legislação para avançar sobre o que já vem sendo arruinado. Este é o retrato de um governo que desacredita e zomba da ciência (ignorando alertas sobre as mudanças climáticas, resultantes do aquecimento global). E mata. Direta ou indiretamente.
“Passamos de um país protagonista da agenda ambiental, liderança em ações em prol do clima, para uma nação repudiada internacionalmente pelo desmatamento na Amazônia, queimadas e a perda de todos os biomas brasileiros”, explica o analista ambiental do IBAMA, Celio Costa Pinto. Para Carlos Humberto Garcia, também servidor do IBAMA, “se não houver uma mudança governamental urgente de condução da questão ambiental atual, todos nós, brasileiros, pagaremos muito caro no futuro próximo”.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é a mais importante data para destacar ações ambientais positivas. As Nações Unidas valem-se desse dia para promover ações ambientais e sensibilizar a comunidade global sobre a necessidade de proteger o planeta. O cuidado com a natureza é a chave para um futuro sustentável. Sem um meio ambiente saudável, não poderemos acabar com a pobreza ou construir prosperidade.