06/01/2020 – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu uma nota em que afirma que, sem o auxílio emergencial, Brasil pode viver a maior calamidade social da sua história. A CUT e outras centrais sindicais, parlamentares e economistas afirmam que só a luta pela continuidade de uma política social com programa de segurança de renda é capaz de combater o gravíssimo cenário enfrentado pelo país desde a crise política instaurada a partir da reeleição da ex-presidenta Dilma Roussef em 2014, e o golpe do impeachment que a afastou do cargo em 2016.
Em sua nota, a CUT destacou que a redução do auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$ 300,00 em setembro de 2020 já havia reduzido também as expectativas de dias melhores para os 7 milhões de brasileiros que vivem abaixo do nível de pobreza. Agora, com o anuncio do fim do auxílio, economistas, parlamentares e estudiosos preveem que o fim do auxílio emergencial, a partir de janeiro de 2021, pode levar o Brasil a viver a um abismo sem precedentes.
“O país já vinha patinando nos últimos três anos na economia, a pandemia ampliou e deprimiu ainda mais. Com as medidas restritivas que o governo está preparando para as próximas semanas ou meses, com a taxa de desemprego, que só vai crescer, a pobreza vai aumentar rapidamente com proporções jamais vistas”, afirma o professor de economia da Unicamp, Marcelo Manzano. “Com o fim do auxílio emergencial, quase 70 milhões de pessoas podem ficar sem receber nenhuma renda ou ter a renda reduzida, o que poderá impactar negativamente a metade da população brasileira de forma acelerada”, acredita Manzano.
O auxílio emergencial é uma política pública, uma extensão do direito à assistência social garantido pela Constituição Federal. Foi instituído no contexto da pandemia do CONVID-19 para garantir o mínimo de sustentabilidade às pessoas que precisaram ficar em casa isoladas para evitar o contágio. Apesar de agora alegar que é obra sua, o governo Bolsonaro foi CONTRA o benefício nessa proporção, que só foi garantido à custa de muita pressão de parlamentares de esquerda, sindicatos, centrais e movimentos sociais e populares.
Sem esquecer que a própria efetivação do benefício aconteceu de maneira turbulenta, o que revelou uma incompetência operacional absurda (bem típica desse governo, como se vê agora na condução inábil do processo de vacinação já em curso em todo o resto do mundo e por aqui ainda sem previsão de ser iniciado), com atrasos no pagamento, problemas técnicos nos aplicativos, filas nos bancos e inúmeros benefícios negados indevidamente ou sem explicar o motivo da negativa.
Se, por um lado, o auxílio emergencial deu “visibilidade” aos invisíveis, por outro, o Brasil permanece como um dos países mais desiguais do planeta. É o oitavo pior em diferença de renda, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado em dezembro. Está atrás apenas das nações africanas e de algumas asiáticas em matéria de descalabro social. A discrepância dos diferentes segmentos da população é medida entre zero, para igualdade absoluta, a 100, desigualdade absoluta.
(Fontes: CUT, Brasil de Fato e Correio Braziliense)