18/11/2020 – Nesta sexta-feira, 20 de novembro, a Coalizão Marcha da Consciência Negra Zumbi Dandara dos Palmares, convida a população baiana para participar dos eventos comemorativos do Dia da Consciência Negra. As atividades serão realizadas tanto de forma presencial, das 9:00 as 12:00h, haverá um ato na Praça da Piedade denominado TRIBUTO ZUMBI DANDARA. Das 14:00 às 16:00h, a manifestação prossegue, mas agora em ambiente virtual, com a MARCHA VIRTUAL BAHIA transmitida pela internet.
Este ano, em paralelo às referências a Zumbi e Dandara, as homenagens se estendem a Maria Felipa de Oliveira, heroína das lutas pela independência da Bahia, mulher negra de fibra que há 197 anos, na Ilha de Itaparica, liderou o enfrentamento aos portugueses.
Para os organizadores do evento, levar a público a história de determinação revolucionária dos/das quilombolas de Palmares que enfrentaram a opressão colonialista por 100 anos (1595-1695), bem como da Revolta dos Búzios, dos Malês, da Cabanagem e da Balaiada, equivale a buscar, nestes e em diversos outros exemplos, legados que nos energizam para enfrentar as opressões do presente.
Mesmo diante do gravíssimo momento de pandemia e das necessidades de distanciamento social, as entidades vinculadas à CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras e seus parceiros, como o SINTSEF-BA, reconheceram a necessidade de manter a mobilização. Em um manifesto divulgado nas redes sociais, reafirmaram sua fidelidade aos seus lemas e à determinação pan-africanista, ponderando que, apesar das dificuldades, não iriam recuar do compromisso com a memória daqueles e daquelas que nos antecederam na luta, seja no continente africano ou na diáspora.
“No Brasil de hoje”, diz a nota, “paralelamente a este momento especial de ameaças a saúde e a vida, enfrentamos nos últimos 5 anos severos ataques à democracia e aos nossos direitos”. O texto destaca o grave momento histórico da atualidade: “estamos sob uma gestão de inquestionáveis ações fascistas, complementada por um perceptível comportamento de insanidade mental do ocupante Presidência da República, Jair Bolsonaro, que está a serviço dos interesses de grupos opressores locais e internacionais, contra os quais continuaremos lutando”, completa.
O contexto da pandemia, longe de desmobilizar e desfavorecer as lutas antirracistas deve potencializá-las. O manifesto reforça essa ideia com os lemas de 2020/2021: a pandemia não nos fará esquecer nossos heróis e heroínas. É preciso reacender a chama das lutas negras do passado. Mais do que nunca, a sociedade precisa refletir sobre os impactos da Covid-19 na população negra, tendo em vista as assimetrias que essa emergência sanitária global produz em contextos de desigualdade social, como o Brasil. A população brasileira que vive em situação de vulnerabilidade social pode ser representada majoritariamente pela população negra, com as conhecidas restrições de acesso à educação, proteção social, moradia adequada, serviços de saneamento básico, internet, além da ocupação desordenada no espaço geográfico. Para a CONEN, a luta antirracista é compromisso de todas e todos.
Fonte: “População negra e Covid-19:
reflexões sobre racismo e saúde”, CONEN.
reflexões sobre racismo e saúde”, CONEN.