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José Dirceu: “essa história de que os trabalhadores aceitam perder direitos é ‘fake news’”

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18/06/2020 – A CONDSEF/FENADSEF promoveu na manhã de ontem um debate em suas redes sociais com o tema “OS DESAFIOS DA CLASSE TRABALHADORA FRENTE AO GOVERNO BOLSONARO”, com a participação do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Durante pouco mais de uma hora, Dirceu conversou com três dirigentes da CONDSEF/FENADSEF na “live” apresentada por Graziela Almeida, jornalista da entidade, e transmitida simultaneamente pelo SINTSEF-BA e outras entidades filiadas à Confederação. Na avaliação do ex-ministro, os movimentos populares e sociais espontâneos surgidos nos últimos dias nos EUA e espalhados pelo mundo dão sinais de que estamos vivendo um momento de reação ao ultra-liberalismo econômico vigente no planeta: “Querem que acreditemos nessa história de que o trabalhador aceita menos direitos. É “fake news”. Senão, estaríamos na escravidão até hoje”.

“Na verdade a luta da classe trabalhadora brasileira sempre existiu, mesmo passando mais da metade de sua história sob ditaduras”, explicou. Para ele, os obstáculos que temos a superar hoje no país são de diversas ordens, mas todos passam pela defesa da democracia. “Precisamos enfrentar as mudanças no mundo do trabalho”, falou, referindo-se à precarização cada vez maior do emprego, com o avanço da automatização e a perda de direitos, citando as Reformas promovidas pelos governo Temer e Bolsonaro, como a Trabalhista, a da Previdência e a terceirização ampla). “O país não cresce com informalidade, desemprego, concentração de renda e de riquezas”. Mas contrapondo-se à exclusão crescente, Dirceu observa também o crescimento da resistência: “a juventude nas ruas está mostrando que sempre haverá luta”.

Para o petista, os desafios não serão pequenos nos próximos anos. A saída de Bolsonaro, seja pelo impeachment ou pela derrota nas urnas na próxima eleição presidencial, entregará um país devastado e por isso é preciso pensar o quanto antes na reconstrução do Brasil (agora ou em 2022). Também nesse sentido, Sergio Ronaldo, Secretário Geral da CONDSEF/FENADSEF, destacou um dado alarmante, com base em um levantamento da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV): no ranking da retomada econômica pós-pandemia, o crescimento do Brasil será um dos mais lentos do mundo e deve ficar em 171º lugar entre os 192 avaliados, justamente por conta da falta de políticas públicas e ações do governo Brasileiro em não atuar da forma adequada na crise.

Dirceu identificou também a necessidade de repensar o Estado brasileiro, ampliando a participação popular na gestão, democratizá-la para melhor combater a corrupção, evitar o desmonte do Serviço Público e o ataque aos servidores. Para tanto, o papel das forças progressistas da sociedade, como os sindicatos, centrais e confederações, será fundamental. “O protagonismo deve ser exercido na luta, como sempre fizemos”, recordou o ex-ministro.

Pedro Armengol, diretor executivo da CUT e Secretário de Finanças da CONDSEF/FENADSEF, demonstrou preocupação quanto ao futuro, diante da eleição de governos conservadores mundo afora e pontuou que governos como Bolsonaro e Trump falseiam o debate ideológico, dizendo combaterem o comunismo e a esquerda, quando na verdade atacam a democracia liberal ocidental.

Parafraseando o lema da Marcha Mundial de Mulheres, Erilza Galvão, Secretária De Gênero, Raça, Etnia e Combate às Opressões da CONDSEF/FENADSEF e Coordenadora de Formação do SINTSEF-BA, concluiu o debate desejando que a classe trabalhadora continue na luta em suas trincheiras, sobretudo nesse momento em que precisa estar unida em defesa da democracia, ombreada nos diversos espaços, até que seja livre e protagonista de sua história.

O vídeo com a íntegra do debate está disponível na nossa página do Facebook (@sintsef ) e da CONDSEF/FENADSEF. A ideia é aproveitar as questões suscitadas e continuar realimentando as discussões nas instâncias da Confederação, dos sindicato e seus filiados.