22/04/2021 – Nesta quinta-feira, 22, diversas pessoas ao redor do mundo celebram o Dia Mundial do Planeta Terra, data criada para a reflexão sobre a urgência da necessidade de ações que a humanidade precisa tomar para desenvolver uma consciência sustentável visando diminuir o impacto negativo das interferências humanas no meio ambiente. Em outras palavras, salvar o planeta da destruição iminente.
“Hoje com mais de 07 bilhões de seres humanos, a Terra chegou ao seu limite de esgotamento de recursos naturais e poluição”, explica Célio Costa Pinto, Analista Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA-BA). Ele alerta que o agravamento das mudanças do clima deixam um futuro incerto para os seres humanos, transformando o meio ambiente de forma irreversível. A pandemia de Covid-19 é um dos reflexos mais evidentes desse processo: o desmatamento e a ocupação desordenada do solo nos grandes centros urbanos favorecem essa exposição de seres humanos a organismos que antes não representavam ameaças para nós, por estarem até então restritos ao seu habitat natural. Por isso é fundamental que as nações do mundo inteiro invistam em políticas ambientais sem perder de vista o desenvolvimento sustentável.
O Brasil, lamentavelmente, como se sabe, caminha na contramão desse processo. Por isso é imperativo atrelar esses debates à política predatória promovida pelo governo federal, que cada vez mais atua ostensivamente CONTRA a preservação da vida e da biodiversidade que deveria proteger. Na terça-feira, 20, cerca de 400 servidores do IBAMA divulgaram uma carta aberta à sociedade, em que denunciam que estão com suas atividades de fiscalização totalmente paralisadas desde que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mudou o rito para a aplicação de multas ambientais. As novas medidas administrativas inviabilizam a fiscalização e, na prática, favorecem o desenvolvimento de atividades criminosas combatidas pelo IBAMA, como garimpo, desmatamento ilegal ou grilagem. O documento pode ser lido integralmente clicando no link https://bit.ly/2QoicHI .
É o mesmo ministro adepto da tática de “passar a boiada”, expressão utilizada por ele numa reunião ministerial no ano passado, quando defendia flexibilizar a legislação (como agora o faz) para avançar sobre o que já está sendo arruinado. Mas que outra coisa esperar de um governo, como o de Jair Bolsonaro, que desacredita e zomba da ciência (ignorando alertas sobre os impactos da ação predatória do homem nos ecossistemas e as mudanças climáticas resultantes do aquecimento global)?
Os trabalhadores do serviço público e suas entidades representativas, como o SINTSEF-BA não se calarão diante dos desmandos. Na carta, a categoria reafirma publicamente o compromisso de permanecer firmes no combate aos delitos ambientais e em proteger o meio ambiente brasileiro para as presentes e futuras gerações, sempre no estrito cumprimento da legislação ambiental vigente. Mas advertem: para isso é necessário também um comprometimento imediato e inequívoco do governo e seus gestores com o fortalecimento das instituições e das normas ambientais, e não o contrário, como vem sendo feito.
Lideranças indígenas, como o escritor e ambientalista Ailton Krenak também fazem coro pela demissão do ministro. “Esse sujeito é medíocre, é subserviente; está ali para executar um plano, um plano danoso para a soberania ambiental do Brasil, uma conspiração para transformar o Brasil em um país que liquidou sua biodiversidade”, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido na segunda-feira, 19/04.
“O dia da Terra é um dia de preocupação sobre o futuro do planeta”, lembra Celio Costa Pinto. O analista ambiental espera que daqui pra frente “nossa racionalidade e inteligência seja usada a serviço de todos os seres vivos e que a harmonia e equilíbrio nas relações ecossistêmicas sejam valores inalienáveis”.