A Central Única dos Trabalhadores lembra que as organizações sindicais foram as primeiras a serem atingidas pelo golpe, porque eram (e ainda o são) fortes e organizadas. “Havia um Comando Geral de Trabalhadores, que funcionava como uma entidade sindical livre, sob os princípios que ainda defendemos. Além das atrocidades, o golpe trouxe arrocho salarial e o fim da estabilidade no emprego e esses retrocessos que ainda hoje permanecem encravados na sociedade”, destacou a Central por ocasião dos protestos de 2014, quando o golpe completou 50 anos.
A CONDSEF/FENADSEF, por sua vez, já observou que o regime militar não salvou o Brasil, como apoiadores do governo insistem em dizer até hoje. Pelo contrário: “assassinou seus compatriotas, tomou ilegalmente o poder, vendeu o País para empresas estrangeiras, endividou os cofres públicos com construções megalomaníacas, exerceu sim a corrupção e se escondeu por trás de trâmites sem transparência”. Nada disso era papel das Forças Armadas, criadas para proteger as fronteiras do País.
À luz da liberdade democrática e do revisionismo dos fatos da época foi possível perceber as inconsistências das narrativas oficiais que contavam essa “página infeliz da nossa História”. Hoje é fácil perceber (sobretudo após 2016, quando um outro tipo de golpe destituiu a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff para impor uma agenda econômica de supressão das conquistas sociais dos governos petistas), o golpe militar foi uma reação aos avanços progressistas que aconteceram com as reformas de base do governo João Goulart, que buscavam reduzir as desigualdades sociais no Brasil e fortalecer uma economia nacionalista.
Calcula-se que a ditadura brasileira, por razões políticas, assassinou 434 pessoas, torturou com requintes de crueldade 20 mil cidadãos, perseguiu e destituiu 4.841 representantes políticos eleitos em todo o país, além de promover a censura a vozes divergentes de estudantes, jornalistas, artistas e outros pensadores. As cicatrizes dessa ferida ainda doem em nossa sociedade e reaparecem a cada pronunciamento e gesto autoritário, ignorante e truculento do atual Presidente da República.
A CUT nasceu combatendo o regime militar e lutando pela abertura democrática, junto com os seus sindicatos fundadores. O SINTSEF-BA, filiado à CUT e à CONDSEF-FENADSEF, embora fundado em 1989, no alvorecer da redemocratização do país, orgulha-se em ser norteado pelos mesmos princípios que norteiam essas entidades: a defesa da liberdade, dos valores democráticos, a luta pelo protagonismo da classe trabalhadora e o combate a toda forma de injustiça. Viva a democracia. Ditadura nunca mais.
(Com informações da CUT/CONDSEF)