Pular para o conteúdo

1º de maio com saúde: A vida humana acima do lucro

  • Populares

30/04/2020 – 1º de maio é o Dia do Trabalhador. É aquela data em que tradicionalmente os sindicatos, centrais sindicais, confederações e outras entidades saem às ruas para celebrar conquistas, defender a luta e exigir direitos. Este ano, como é possível imaginar, será atípico. Por conta da necessidade de manter o isolamento social durante a pandemia de COVID-19, seguiremos unidos, mas distanciados fisicamente.

Ainda assim, a data não pode deixar de ser destacada por sua importância referencial na luta dos trabalhadores de todo o mundo. A própria instituição do Dia do Trabalhador, por exemplo, origina-se das lutas dos operários dos EUA, no século 19, contra as jornadas de trabalho escravizantes de 15 horas diárias. O fato de terem se organizado, reivindicado, entrado em greve e saído às ruas em protesto, mudou a história. Os patrões cederam à pressão e implantaram o sistema de 08 horas diárias, que perdura majoritariamente até os dias de hoje.

Mais do que nunca, essa referência precisa ser lembrada. Ainda mais quando estamos submetidos a um modelo de capitalismo neoliberal rentista de alcance mundial, uma economia em que o mercado e o poder político permitem que poucos privilegiados extraiam, em seu próprio benefício, grande parte da renda dos trabalhadores e da população, aprofundando sua condição de vulnerabilidade social.

Esse sistema predatório, ao lado da globalização da produção e das atividades econômico-financeiras, gera impactos também na saúde da população em todo o planeta, como observamos agora com essa pandemia. Problemas sociais graves como o desemprego, a extrema pobreza ou as guerras, contribuíram enormemente para o deslocamento, a mobilidade e as migrações pelo mundo. Evidentemente, isso traz consequências ambientais, desencadeia mudanças climáticas, culturais, geopolíticas negligenciadas pelo ordenamento político vigente.

Uma população desassistida, vivendo de subempregos, abandonada à própria sorte pelo Estado, sem condições básicas de alimentação, educação ou saneamento acabará provocando impactos nas questão sanitárias, que podem repercutir em nível global, como ocorre agora com o novo coronavirus. E que ninguém se engane pelo discurso falacioso da doença “democrática, que alcança ricos e pobres por igual. A classe trabalhadora, os mais pobres, continuam sendo os mais atingidos, seja pela exposição a condições insalubres, periculosas, doenças do trabalho, ou por epidemias e pandemias.

Por isso o SINTSEF-BA, neste primeiro de maio, está novamente na luta. Nenhum direito a menos! Nossa bandeira continua se agitando pela valorização serviços públicos e de seus trabalhadores, em defesa da vida. As conquistas passadas não podem ser esquecidas ou, talvez ainda pior, naturalizadas, como se tivessem surgido espontaneamente ou fossem concessões de algum governo ou patrão. Não foram. Nossos direitos são frutos diretos de nossas lutas. Assim, mesmo em plena pandemia e enfrentando um governo genocida, não nos calaremos:  queremos mais atenção às pessoas, mais proteção e direitos trabalhistas, com o povo acima do lucro.